BI-Polar

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

E lá vou eu mais uma vez...

Estou doente, doente novamente. Sim, meus amigos, entre o dia em que criei esse blog até o dia de hoje entrei em estado de mania e fiz muitas coisas que não queria e não devia. Há uma garrafa de vinho nos meus pés agora, eu sei que não deveria, mas algo é muito maior que a minha vontade.
Minha montanha russa subiu, alto e é claro logo ela descerá, ou já está descendo, não sei ao certo.
Essa crise já me trouxe novas cicatrizes no braço esquerdo, TODOS os meus copos de vidro quebrados, uma amnésia alcoolica perigosa, e eu só percebi ontem, ontem que minha mente já havia ultrapassado o nível de felicidade recomendado. Como explicar isso? Como explicar o quanto é perigoso ser feliz para mim?
Como direi para a minha mãe que fiquei doente apesar de tudo o que ela tem me dado e feito por mim? O que direi a ele* que acabou de entrar na minha vida, mas se jogou de cabeça, como direi que estou doente?
Nesses momentos, quando você percebe que não importa o quanto se esforce, o quanto se tente, uma hora aquela onda chega e pega você, mais cedo ou mais tarde, nesses momentos quando se tem certeza da eternidade desse momento é que se pensa se não é melhor morrer. Mas NÃO eu não quero morrer, e não, não quero ser internada novamente como já quase aconteceu, não quero ser caçada pela polícia como uma portadora de transtorno mental, não tenho para onde correr.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Meu Nome Não é Isis Plath

Meu nome não é Isis Plath.

Mas isso não é tão importante, o único motivo de eu usar um pseudônimo é para proteger os nomes de outras pessoas. Resolvi contar a minha história de vida com esse transtorno, decidi contar o que vivi. O objetivo desse blog não é informar sobre a doença e sim compartilhar com vocês minhas experiências, da maneira mais clara e sincera possível. Claro que mudarei alguns detalhes para proteger outras pessoas, como já disse, mas fora isso serei completamente verdadeira. Não vou começar a minha história do início, não contarei nada em ordem cronológica, mas conforme a minha memória for lembrando.

Quando olhei para frente, focalizei os olhos, vi o trem, passando, rápido, tão rápido, como o sangue que corria em minhas veias, quanto as batidas do meu coração e meus pensamentos. O som alto entrando em minha cabeça, e aquilo parecia lindo, o trem passando parecia lindo, uma pintura expressionista. Claro que eu quis me jogar na frente dele e é claro que quando esse pensamento me ocorreu conscientemente minhas pernas já estavam me levando em direção a linha do trem.

O que me levara até aquele momento em minha memória ainda é um borrão.
Meu primeiro emprego, estava trabalhando há 1 mês e meio, mas estava tão estressada que minhas crises começaram a me perseguir.
Em minha última crise maniaca, e mais forte, usei muita cocaína, bebi muito, e esses são sempre pontos fracos para mim.
Um certo dia estava muito agitada no emprego, queria sair, me divertir, respirar, falar...fui ficando muito ansiosa.
Inventei uma mentira e fui embora mais cedo, comprei cocaína, da melhor que encontrei e cheirei a noite inteira. Estava completamente maniaca, mas não sociavel, queria estar apenas comigo, não queria ter que explicar para os outros porque estava tão feliz.

Quando já estava amanhecendo eu finalmente dormi e acabei não conseguindo acordar para trabalhar e me senti imensamente mal, por causa da cocaína, e porque sou cicladora rápida, depois de uma noite maniaca é completamente normal acordar depressiva.
Liguei para um amigo que conheci em uma clínica psiquiatrica na qual tinha sido internada meses antes, ele disse que viria me ver.
Levantei da cama, estava sozinha, meu colega de apartamento já tinha ido trabalhar. Pensava apenas em beber.
Me vesti e sai de casa como um robô, era puro impulso, nada me faria parar, cheguei em um bar e pedi uma dose de vodka dupla, sem nada no estômago, a dose chegou e eu bebi...


No mundo perfeito do meu estado de depressão maníaca seria tudo muito simples, eu chegaria lá, me deitaria na linha e esperaria o próximo trem passar. Porém quando cheguei mais perto vi um muro. Algo em mim entrou em pânico, nunca fora boa em pular muros, nunca fui dessas crianças que brincavam soltas. Minha mãe com medo que eu me machucasse sempre me proibia de correr e de várias outras coisas, quando brincava normalmente com as outras crianças e às vezes me machucava sempre levava uma bela bronca da minha mãe. Tento ver o lado dela, eu era (e sou), sua única filha, a única coisa que era boa em um casamento arruinado pelo álcool e pelo transtorno bipolar (apesar de não sabermos disso na época.) “Para minha sorte” vi “algo” de concreto que eu não conseguia identificar o que era, mas vi que serviria de degrau e de cima dele seria muito mais fácil pular o muro. Mas eu não contava que meu estado totalmente alterado e influenciado pelo álcool e pela cocaína não me daria forças para pular o muro. Cai no chão, com o pulso direito ralado, mas ainda disposta a morrer. O que eu não me dava conta era de que eu não sabia o porquê de eu estar tentando me matar. Sai andando novamente sem rumo, com os olhos fixos no horizonte, não prestava atenção por onde andava, nem pensava aonde ia, andava procurando um caminho para a morte, mas como quem desperta vi uma vila, pequena, em forma de circulo; pequenas casas grudadas umas nas outras. Em uma das primeiras casas, através da grande janela aberta vi uma senhora sentada, em uma casa, que aos meus olhos parecia toda branca e iluminada, e vi dois cachorros. Sou apaixonada por animais, então me aproximei da janela com grades e chamei os cães, eles vieram , a mulher também veio. Ela me deixou entrar, sem me conhecer e apesar da minha aparência horrível. Não me lembro exatamente o que contei a ela, mas ela me deu uma coberta e disse que eu poderia passar a noite lá, então me acalmei, sentei no sofá e pensei que tudo tinha acabado, mas não tinha...

(Por essa história ser muito longa e por minha falta de tempo fico por aqui, por enquanto)